Insatisfação dos docentes
por Izaura Yokohama


No convívio diário com professores do ensino fundamental e médio, umas das queixas mais freqüentes e constantes que apresentam, é a sua insatisfação com o próprio trabalho, com a escola em geral e sobretudo com a sua remuneração.

A remuneração do professor é a causa que agride a todos os docentes, sobretudo nas escolas públicas. Embora os professores das escolas particulares sejam relativamente bem remunerados, sofrem também, como todos os assalariados brasileiros, dos constantes achatamentos de renda, impostos pela política econômica vigente e pela freqüente instalidade no emprego.

Seguindo a escala, constatamos que a insatisfação que se prende ao sistema educacional, devido ao atraso das decisões burocráticas e à injustiça das discriminações políticas, nas redes públicas, federal, estadual e municipal, ou aos critérios predominantemente mercantis dos donos de escolas, na rede particular, com honrosas exceções.

Outras vezes, os professores se dão conta de seu próprio despreparo, devido, ora às deficiências da formação universitária, quando a possuem, ora `absoluta falta de tempo para uma contínua reciclagem, ou até mesmo, para a leitura mínima que o cumprimento de sua tarefa normalmente exigiria.

Deixando de lado outras causas de menor relevância, verificamos também na maioria dos docentes, o desejo imenso de fazer o melhor possível e de superar, por todos os meios a seu alcance, obstáculos às vezes enormes, ao exercício competente de sua função, que, quando exercida em condições favoráveis, é profundamente compensadora.

O fato é que a maioria dos professores, principalmente da rede pública, não estão acomodados . O convívio com os mais jovens os enchem de esperança e alimenta, em todo o verdadeiro educador, o sonho de vir a corresponder às expectativas dos educandos. Por isso, quando se cuida de repensar a escola, principalmente no momento atual, com a implantação de uma nova Lei de Diretrizes e Bases na Educação, que oportuniza uma maior flexibilidade às escolas, em lugar de se partir de teorias absurdas ou idéias abstratas, deve-se partir das verdadeiras aspirações e dos desejos dos professores.
        
E quanto ao Poder Público, este deveria ao invés de investir horrores em propagandas e publicidades mal vistas, deveria era remunerar dignamente a classe dos professores, que é uma das poucas, senão a única, que verdadeiramente trabalha e produz nesse país e sem sombra de dúvida é a que mais sofre discriminações e descrédito daquele órgão.        

 


 
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