¡Brasiguaios
voltam a receber ameaças!
por
Osmar Nunes
Jornal O Estado
do Paraná
Curitiba –
Paraná
Salto del Guayrá-Paraguai
(Sucursal de Umuarama) - As famílias de brasileiros que residem
na localidade de Gasory em Salto del Guayrá (Paraguai), os brasiguaios,
voltaram a sofrer ameaças da justiça e da polícia
paraguaia. Cinco famílias fugiram ontem de suas casas, depois de
receberem ameaças de morte, caso não abandonem as propriedades
até hoje.
Estas cinco famílias
residem há 30 anos em chácaras de cinco alqueires. Elas conseguiram
documentação há quatro anos, mas os documentos não
estão sendo aceitos pela justiça paraguaia que acatou pedido
de reintegração de posse apresentado por Oscar Zacarias Cubillay,
mais conhecido na região como "Zacarias". Outras dez famílias
estariam prestes a ser despejadas. No último dia 12 de outubro a
polícia florestal do Paraguai expulsou as cinco famílias,
prendeu e torturou os homens e destruiu os casebres. A área em litígio
é de aproximadamente 500 alqueires.
Dez dias depois,
o fato foi divulgado na imprensa brasileira e mobilizou até o Centro
de Direitos Humanos de Foz do Iguaçu. Uma comitiva esteve no local
e continuou negociando o retorno das famílias e revogação
da decisão judicial. No mesmo mês o juiz de direito de Ciudad
del Este Victor Raúl Benitez Rodas voltou atrás e autorizou
o retorno das famílias.
No começo
de novembro as cinco famílias reconstruíram as casas. Um
dos brasiguaios, Carlos Margues, 36 anos, disse ontem a O Estado que na
última terça-feira o juiz Benitez e a polícia estiveram
no local e deram prazo para as casas serem desocupadas novamente até
hoje.
Quem desobedecer
a ordem será preso e as casinhas poderão ser novamente derrubadas.
Ontem pela manhã
as famílias estiveram na sede do vice-consulado em Salto del Guaíra
a procura de ajuda, mas o vice-cônsul Paulo Velasco estava viajando
e o funcionário do escritório brasileiro, Antônio Júlio
de Souza informou que não havia nada a fazer.
Marques garantiu
que foi ameaçado de morte caso continue morando na propriedade e
defendendo os colegas. Ele é o mais exaltado do grupo. Está
se escondendo da polícia paraguaia desde anteontem. Na casa de Margues
ficaram apenas três crianças menos de 12 anos. A mulher dele
ficou com medo e também foi para a casa de amigos. "O chefe da polícia
paraguaia disse que me quer vivo ou morto, na frente do juiz eu não
tenho mais para onde correr", afirmou.
Com as festas de
fim de ano e a burocracia da justiça paraguaia o pesadelo dos brasiguaios
poderá perdurar por mais alguns dias.
Anderson Barbosa
Percidonio, dono de cinco alqueires, que também está na mesma
situação reclamou falta de apoio do consulado.
"Ninguém está
resolvendo a nossa situação", reclamou. Antonio Souza informou
que esforços estão sendo feitos de todas as partes, no entanto,
por causa da burocracia na justiça paraguaia, nada é resolvido. |